Literatura e racismo: 5 autoras para conhecer

Bruna Rocha

voluntária da Elas

11/02/2022

A luta antirracista passa por debates, ensinamentos e, claro, por dar lugar às vozes negras. E isso inclui a literatura.

Através dos livros, podemos entrar na vida, nos pensamentos e nas ideias dos personagens. Através dela podemos entender melhor como é estar na pele do outro e abrir nossa cabeça para situações que antes não nos eram visíveis. 

Pensando nisso, trouxemos cinco autoras mulheres que escreveram – ou continuam escrevendo – sobre raça, feminismo, escravidão, pobreza, maternidade e diversos outros temas ligados ao racismo. Escolha sua história preferida e boa leitura! 

5 autoras que unem literatura e racismo

Maryse Condé

Maryse Condé é uma escritora guadalupense, feminista, ativista e difusora da história e cultura africana. Com doutorado em Literatura Comparada, Condé escreveu ficção histórica, contos, novelas, ensaios, poemas e outros gêneros, além de ter uma distinta carreira acadêmica. 

A autora já ganhou diversos prêmios, incluindo o New Academy Prize 2018, um alternativo ao Prêmio Nobel.

O seu único livro traduzido para português une essas duas paixões: história e romance. Há outros livros da autora disponíveis em versões em inglês e francês. 

Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem 

Tituba foi uma das primeiras mulheres julgadas por praticar bruxaria nos tribunais de Salem, em 1692. Escravizada e levada para Nova Inglaterra pelo pastor Samuel Parris, que a denunciou, a história de Tituba acabava no dia em que ganhou sua liberdade e não há mais vestígios do que aconteceu depois. Condé então reescreve a história dessa personagem tão fascinante e a retira do silêncio que a historiografia lhe destinou. 

Carolina Maria de Jesus

Carolina Maria de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes do país. Ela viveu boa parte da sua vida na favela do Canindé, em São Paulo, sustentando a si mesma e seus três filhos como catadora de papéis. 

Seu diário se tornou um livro em 1958, com o auxílio do jornalista Audálio Dantas, e fez um enorme sucesso, chegando a ser traduzido para catorze línguas. Apesar de ser referência no Brasil e no exterior, com mais quatro obras publicadas, Carolina de Jesus recebia pouco pelos seus direitos autorais e precisou continuar vendendo recicláveis até o fim da vida. 

Quarto de Despejo

O livro reproduz o diário de Carolina de Jesus, em que ela narra o seu dia a dia nas comunidades pobres da cidade de São Paulo. Em seu relato, ela descreve a dor, o sofrimento, a fome e as angústias dos favelados e mudanças pelas quais passavam as favelas neste momento.

 

Buchi Emecheta

Florence Onyebuchi “Buchi” Emecheta foi uma escritora nigeriana radicada em Londres. Ela publicou mais de 20 livros e costumava escrever sobre escravidão, maternidade, independência feminina e liberdade através da educação. 

Depois de sair de um casamento violento e abusivo, Emecheta trabalhava para sustentar sozinha seus cinco filhos na biblioteca do Museu Britânico.

Na mesma época obteve seu bacharelado em sociologia pela Universidade de Londres em 1972, mesma universidade que receberia um doutorado em 1992. 

As Alegrias da Maternidade

Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma “mulher completa”, submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. 

Cidadã de Segunda Classe

Na Nigéria dos anos 60, Adah precisa lutar contra todo tipo de opressão cultural que recai sobre as mulheres. Nesse cenário, a estratégia para conquistar uma vida mais independente para si e seus filhos é a imigração para Londres. O que ela não esperava era encontrar, em um país visto por muitos nigerianos como uma espécie de terra prometida, novos obstáculos tão desafiadores quanto os da terra natal.

Djamila Ribeiro

Djamila Taís Ribeiro dos Santos é uma filósofa, feminista negra, escritora e acadêmica brasileira. Djamila Ribeiro tornou-se um nome conhecido quando se fala em ativismo negro no Brasil, tudo isso sob um espectro popular: presença ativa nas redes sociais, possuindo mais de 1 milhão de seguidores, somente no Instagram. 

Além de ser autora de vários livros,  Djamila também é coordenadora da Coleção Feminismos Plurais, destinada à disseminação e conteúdo crítico produzido por pessoas negras, sobretudo mulheres, a preço acessível e linguagem didática, como forma de construir instrumentos para compreender a realidade e debates profundos no país. 

Pequeno Manual Antirracista 

Livro mais vendido no Brasil em 2020, o Pequeno Manual Antirracista trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos.

Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. 

Lugar de Fala

Parte da Coleção Feminismos Plurais, essa obra tem o objetivo de desmistificar o conceito de lugar de fala. Nela, Djamila Ribeiro contextualiza o indivíduo tido como universal numa sociedade cisheteropatriarcal eurocentrada, para que seja possível identificarmos as diversas vivências específicas e, assim, diferenciar os discursos de acordo com a posição social de onde se fala.

bell hooks

Gloria Jean Watkins, mais conhecida pelo pseudônimo bell hooks, foi uma autora, professora, teórica feminista, artista e ativista antirracista estadunidense, que faleceu em dezembro de 2021. 

Eleita uma das principais intelectuais norte-americanas, pela revista Atlantic Monthly, e, uma das 100 Pessoas Visionárias que Podem Mudar Sua Vida, pela revista Utne Reader, hooks publicou mais de trinta livros e numerosos artigos acadêmicos, apareceu em vários filmes e documentários, e participou de várias palestras públicas. Trouxemos duas das suas maiores obras. 

O feminismo é para todo mundo

bell hooks nos apresenta, nesta acessível cartilha, a natureza do feminismo e seu compromisso contra sexismo, exploração sexista e qualquer forma de opressão.

Com peculiar clareza e franqueza, hooks incentiva leitores a descobrir como o feminismo pode tocar e mudar, para melhor, a vida de todo mundo. Homens, mulheres, crianças, pessoas de todos os gêneros, jovens e adultos: todos podem educar e ser educados para o feminismo.

E eu não sou uma mulher?: Mulheres negras e feminismo

Clássico da teoria feminista, e primeiro livro da escritora, E eu não sou uma mulher? tornou-se leitura obrigatória para as pessoas interessadas nas questões relacionadas à mulheridade negra e na construção de um mundo sem opressão sexista e racial.

O resultado é um trabalho revolucionário, um livro imprescindível, a ser lido por todas as pessoas que lutam para tornar o mundo um lugar livre de opressões de raça, cor, classe e gênero.

 

Texto de Bruna Rocha, 28 anos, voluntária da #Elasnopoder, redatora e pós-graduada em Gestão Empresarial e Marketing. Apaixonada por escrita, viagem e tudo o que é feito à mão. 

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