Entenda por que a baixa representação de mulheres na política afeta a democracia representativa

Ana Patrícia

voluntária da Elas

07/11/2023

Quando observamos a política em muitas partes do mundo, percebemos um desequilíbrio profundo. Isso ocorre porque, embora a maioria da população seja composta por mulheres, elas continuam sendo minoria na esfera política.

No Brasil, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) referentes às eleições de 2022, o eleitorado feminino representava 52,65% dos cidadãos aptos a votar.

Essa disparidade não é apenas uma questão de justiça, mas também afeta diretamente a democracia representativa, um valor que tanto prezamos. Neste artigo, exploraremos as razões por trás dessa desigualdade e por que é crucial, para o sistema político, que mais mulheres ocupem cargos públicos.

O cenário atual: mulheres na política

Antes de explorarmos as implicações, analisemos o panorama atual. Em muitos países, as mulheres ainda estão sub-representadas em todas as esferas do governo. 

De acordo com dados da União Interparlamentar, apenas aproximadamente 25% dos parlamentares em todo o mundo são mulheres. Isso implica que, em grande medida, nossas decisões políticas são moldadas por uma perspectiva predominantemente masculina.

Por que isso é um problema?

1. Diversidade de perspectivas

A baixa representação de mulheres na política afeta diretamente a democracia, principalmente devido à falta de diversidade de perspectivas. Quando as mulheres não possuem uma presença significativa na tomada de decisões políticas, muitas questões que afetam diretamente suas vidas são negligenciadas. 

Temas como igualdade salarial, licença maternidade, saúde reprodutiva e combate à violência de gênero são frequentemente esquecidos. Em recente artigo publicado no blog, abordamos a ameaça da minirreforma eleitoral. A democracia deve refletir a pluralidade da população, e a ausência de representatividade feminina significa que muitas vozes importantes não estão sendo ouvidas.

2. Legitimidade democrática

Outra razão pela qual a escassez de representação de mulheres na política prejudica a democracia é a perda de legitimidade. Se a maioria da população é composta por mulheres, mas a maioria dos líderes políticos são homens, isso suscita questionamentos sobre a legitimidade do sistema democrático.

Mulheres sentem-se desencorajadas a se envolver ativamente na política quando não se veem representadas, o que pode minar a própria essência da democracia e estabelecer um ciclo vicioso.

Quais são as ações que podemos adotar para mudar esse panorama?

1. Encorajar a participação política das mulheres

Uma abordagem eficaz para aumentar a representação de mulheres na política é promover e incentivar sua participação desde a juventude. Isso inclui a implementação de programas de educação cívica que inspiram as jovens mulheres a se envolverem na esfera política, além de fornecer recursos para apoiá-las em suas trajetórias políticas.

2. Reformas políticas

Além disso, é crucial promover reformas políticas que incentivem a igualdade de gênero. Isso pode envolver a implementação de cotas de gênero, as quais garantiriam a inclusão de um número definido de candidatas nas listas eleitorais, juntamente com medidas para combater o assédio e a discriminação no ambiente político.

O futuro precisa ser de luta

A sub-representação das mulheres na política não é apenas uma questão de igualdade, mas também de democracia. Quando as vozes femininas não são consideradas nas esferas políticas, perdemos a riqueza de perspectivas e comprometemos a legitimidade do nosso sistema democrático.

Para fortalecer a democracia representativa, é crucial que mais mulheres ocupem cargos públicos e desempenhem papéis ativos na tomada de decisões políticas. Somente assim alcançaremos uma verdadeira representatividade e igualdade de gênero em nossas sociedades.

Agora é o momento de agir: começando por apoiar candidatas, engajando-se em campanhas de igualdade de gênero e pressionando por mudanças políticas. 

Juntos, podemos trabalhar para construir uma democracia verdadeiramente representativa.

 

Texto escrito por Ana Patrícia Neiva, advogada, pesquisadora na área de história política, apaixonada pelo mar e pelo Corinthians.

 

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