voluntária da Elas
10/10/2022
O objetivo desse texto é apresentar um breve histórico da conquista do voto feminino no Brasil e destacar as perspectivas do eleitorado feminino nas eleições de 2022.
Em 2022, comemoramos os 90 anos da conquista do voto feminino no Brasil, fruto de um processo de luta que veio antes mesmo do século XX, com a proclamação da República em 1889, as mulheres viram a oportunidade do sufrágio com a nova Constituição que seria elaborada, e, posteriormente, promulgada no ano de 1891.
No entanto, ainda que uma nova era estivesse se iniciando para a história brasileira, o direito ao voto feminino não foi permitido naquele momento.
Somente em 1932, sob governo provisório de Vargas, o voto se tornou facultativo às mulheres, sendo apenas as funcionárias públicas obrigadas a votar.
Em 1934, com a nova Constituição, é que o voto se torna permitido para todos os cidadãos maiores de 21 anos.
É essencial salientar que a conquista do voto feminino no Brasil é resultado de luta, reivindicação e articulação proveniente do movimento sufragista, que teve início no nosso país no ano de 1910.
Em suma, é possível elencar os principais acontecimentos que levaram à conquista do voto feminino no Brasil:
No ano de 2022, 53% do eleitorado de todo o país é feminino.
As mulheres não são somente a maioria apta a votar neste ano, como também a maioria em todos os grupos de faixa etária.
Um bom exemplo disso são os dados resultantes da campanha do TSE promovida com o objetivo de ampliar o número de eleitores com idades entre 16 e 17 anos, em que atingimos um total de 1.157.461 eleitoras nessa faixa etária, contra 957.485 eleitores com as mesmas idades.
Com quase 200 mil eleitores de diferença, vemos um maior engajamento político das jovens eleitoras.
Além disso, na atual conjuntura, vemos que os interesses do eleitorado feminino no Brasil giram em torno de assuntos considerados urgentes por esse grupo.
Segundo uma pesquisa realizada pela Veja, as principais preocupações do eleitorado feminino nas eleições de 2022 são voltadas para a pandemia e a economia.
Isso reflete, por exemplo, nas escolhas de candidatas e candidatos que esse público poderá se inclinar.
Outra informação relevante sobre as eleitoras deste ano, que não poderia deixar de destacar, é o papel das mulheres evangélicas nas eleições presidenciais.
Entre os evangélicos, as mulheres representam cerca de 60% deste grupo no Brasil, sendo em sua maioria, negras e de classe baixa.
Para elas, a escolha de um/uma presidenciável se dará baseada naquele ou naquela que garanta, principalmente, o combate à violência, proteção dos valores familiares e educação.
Com base nisso, especialistas afirmam que as mulheres evangélicas podem definir as eleições presidenciais de 2022.
Apesar do eleitorado feminino ter grande representatividade em termos de quantidade e um enorme poder de atuação nas escolhas políticas que irão definir os rumos do país a partir de outubro, o cenário é o oposto ao observamos as candidaturas femininas.
Ainda que o número de candidaturas femininas tenha batido o recorde neste ano, o problema da sub-representação feminina na política é um obstáculo para que mais mulheres sejam eleitas.
Com a divisão desigual do fundo eleitoral e o não cumprimento da legislação que determina 30% das candidaturas destinadas às mulheres dentro dos partidos, a visibilidade das mulheres candidatas se torna mais dificultada dado o baixo financiamento das campanhas.
Por conseguinte, suas candidaturas se tornam inacessíveis para aquelas eleitoras com potencial poder de voto. Sendo assim, por mais que tenhamos um eleitorado feminino significativo em 2022, há diversos empecilhos para que esse público possa eleger mais mulheres, e consequentemente, tornar os cargos políticos mais diversos e representativos.
https://apps.tre-rj.jus.br/site/gecoi_arquivos/202007291637_arq_157667.pdf
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61557464
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-61338823
https://www.politize.com.br/movimento-sufragista-o-que-foi-e-qual-o-impacto-no-brasil/
Texto por: Maria Eduarda de Oliveira Alves, voluntária na #ElasnoPoder e graduanda em Ciências Sociais.
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