voluntária da Elas
02/03/2023
As últimas notícias sobre o caso da atriz e apresentadora Luana Piovani, que teve fotos íntimas expostas em um processo, e o caso da BBB Bruna Griphao, que sofreu violência contra a mulher dentro do Big Brother Brasil, colocaram em pauta os diferentes tipos de violência que podemos sofrer.
Reunimos os principais tipos de violência contra a mulher e os novos termos usados para identificar novos abusos para que você conheça, compartilhe e ajude mais mulheres a saírem do ciclo da violência.
Antes de falarmos do caso da Luana Piovani, vamos definir essas formas de violência contra a mulher.
Elas são complexas e, geralmente, não ocorrem de forma isolada. E todas constituem um ato de violação dos direitos humanos e devem ser denunciadas (confira ao final do texto como denunciar).
Entender os tipos de agressão e as consequências desses atos para as mulheres é uma forma de nos proteger, proteger outras mulheres e debater sobre os direitos das mulheres na sociedade.
A Lei Maria da Penha, no Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V, prevê cinco tipos de violência doméstica e familiar.
São elas:
A violência física é entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher, como espancamento, lesões, tortura, atirar objetos, sacudir e apertar braços.
Por ser a forma mais explícita de violência, é um dos estágios mais críticos e perceptíveis de reconhecer.
Conhecer as outras formas de violência contra a mulher nos permite agir antes que a violência física ocorra ou atinja seu ápice, o feminicídio.
Já a violência psicológica é considerada em qualquer conduta que:
Ameaças, constrangimento, humilhação, manipulação, chantagem, insultos, isolamento e vigilância constante são algumas das formas de violência psicológica.
A violência moral é qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
São exemplos deste tipo de violência contra a mulher:
Quando o agressor constrange a mulher para presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada por meio de intimidação, ameaça, coação ou uso da força, estamos falando da violência sexual.
Entram nesse tipo de violência contra a mulher o estupro, obrigar a realizar atos sexuais, impedir o uso de métodos contraceptivos, forçar a mulher a abortar, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição.
A violência patrimonial configura retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos.
Isso inclui deixar de pagar pensão alimentícia, controlar dinheiro, privar bens e causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste.
Recentemente, muitos termos surgiram para explicar e nomear novas formas de violência, mas que pelos termos estrangeiros geram dificuldade de identificação e conhecimento.
Reunimos aqui os principais deles:
O “slut shaming”é a tendência de ridicularizar e julgar a mulher pelo seu comportamento, as roupas que usa, a maquiagem, a frequência dos relacionamentos, entre outros fatores.
É o que aconteceu com a atriz e apresentadora Luana Piovani, que recentemente acusou Pedro Scooby, pai de seus filhos, de anexar fotos dela nua no processo de pensão alimentícia.
Um nível mais avançado do “slut shaming” é o “revenge porn”, em que acontece a divulgação sem consentimento de fotos ou vídeos íntimos, geralmente após a separação do casal ou com o simples intuito de prejudicar a reputação da mulher.
Acesse o site Pornografia de Vingança para entender como se proteger e como agir nesses casos.
O cyberbullying é muito discutido entre jovens e adolescentes, mas essa prática de violência psicológica também afeta mulheres e meninas.
De acordo com o Movimento Mulher 360, o assédio virtual cresceu 26.000% entre 2016 e 2018, tornando-se uma das cinco principais violações sobre as quais usuárias e usuários da internet pedem ajuda.
O “mansplaining” é o ato de um homem “explicar” a uma mulher algo óbvio ou que não precisava ser explicado.
Muito comum no mundo corporativo, a prática desmerece mulheres e as coloca em uma posição de constrangimento e desmerecimento.
Já o “manterrupting” é o ato de interromper a fala de uma mulher, sem necessidade, impedindo que ela conclua um raciocínio, uma frase ou observação.
A intromissão masculina na fala das mulheres é mais um dos grandes problemas do machismo no meio corporativo e um exemplo recente com a Ministra Cármen Lúcia nos mostra que ele acontece independente da posição da mulher ou do ambiente de trabalho.
Ela passou mais de vinte minutos até conseguir retomar a palavra.
O comportamento do “homem espaçoso” é visto diariamente em transportes públicos, em que homens se sentam com pernas muito abertas, invadindo o espaço dos assentos vizinhos.
O problema vem chamando a atenção em vários países do mundo e já virou campanha de conscientização em Nova York e Madri.
Outra forma de violência contra a mulher é o “bropriating”, que ocorre quando um homem reproduz a ideia de uma mulher e leva o crédito no lugar dela.
E esse problema não é de hoje, viu?
Confira aqui 14 invenções e descobertas feitas por mulheres, mas que foram creditadas a homens.
Nesse tipo de abuso psicológico, o homem manipula a mulher para que ela deixe de confiar em si mesma, acreditando que não está totalmente sã.
As famosas frases: “Você está louca”, “Você está exagerando” e “Não foi isso que aconteceu” são algumas das usadas para que a vítima sinta culpa e acredite que o problema é com ela e não com seu agressor.
O homem que alega ser vítima de “machismo reverso” e que insite em ser protagonista dos assuntos de temática feminista, roubando o lugar de fala das mulheres, é acusado de “male tears”.
A essa altura a gente nem precisa dizer porque isso está errado, né?
Não importa qual tipo de violência contra a mulher você ou as mulheres à sua volta sofram, todas têm o direito de denunciar já que são amparadas pela Lei Maria da Penha.
As formas de denúncia são:
Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher
Ligue 197 – Disque Denúncia
Compareça a uma DEAM – Delegacia Especial de Atendimento à Mulher
Texto de Bruna Rocha, 28 anos, voluntária da #Elasnopoder, redatora e pós-graduada em Gestão Empresarial e Marketing. Apaixonada por escrita, viagem e tudo o que é feito à mão.
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