Conheça quatro mulheres que contribuíram para o voto feminino e mais direitos

Bruna Rocha

voluntária da Elas

11/03/2022

Pode parecer distante, mas o voto feminino tem apenas 90 anos. Além de não poder votar, as mulheres brasileiras do século 19 também não podiam estudar, trabalhar ou se divorciar. 

Hoje vamos falar não só da conquista ao voto, mas dar voz às mulheres que fizeram parte dessa luta. Somos silenciadas e apagadas da história, e nosso dever é manter ela viva e sempre presente. 

Luta feminina ao longo dos anos

Primeiro, vamos trazer algumas datas das nossas maiores conquistas para mostrar como os nossos direitos são recentes. Para se ter uma noção, até 1830 a lei permitia aos maridos castigar fisicamente suas esposas. 

Até 1962, mulheres casadas precisavam de autorização formal dos maridos para trabalhar e o Código Civil via a mulher como incapaz de realizar certas atividades.

As meninas aprendiam corte, costura e outras atividades domésticas na escola enquanto os meninos aprendiam ciências, geometria e operações matemáticas até 1854. O acesso às universidades só veio depois de 1930. 

Já o direito de votar e escolher seus representantes veio em 1932, com a promulgação do decreto nº 21.076, que completou 90 anos no último dia 24 de fevereiro. 

Voto feminino

A luta pelo voto feminino durou mais de 100 anos. O tema começou a ser abordado quando surgiram canais de comunicação voltados para as mulheres.

A Constituição de 1824 não trazia qualquer impedimento ao exercício dos direitos políticos por mulheres, mas também não deixava explícita essa possibilidade. 

Apesar do decreto em 1932, foi só em 1934, com a segunda Constituição da República, que esses direitos políticos foram concedidos às mulheres. Porém, não abrangia todas. Somente as mulheres que exerciam função pública remunerada e que fossem alfabetizadas estavam aptas a votar. 

Grandes ícones da conquista

Conheça a seguir quatro mulheres que protagonizaram a luta pelos direitos das mulheres, incluindo o direito ao voto feminino. 

Nísia Floresta e a luta por uma educação igualitária para todos os gêneros

Nísia Floresta

Nísia Floresta

Nísia Floresta foi uma das precursoras dos movimentos pela conquista dos direitos das mulheres no país, apesar de ter vivido um século antes da promulgação do voto feminino. 

Longe da esfera doméstica que era destino de suas semelhantes, Nísia saiu do Rio Grande do Norte e conseguiu ir para a Europa, onde participava de círculos intelectuais e publicou 15 livros sobre o pseudônimo de George Sand, prática incomum para a época. 

Ela defendia que mulheres tivessem acesso à mesma educação que os homens e fundou, em 1838, no Rio de Janeiro, um colégio para meninas que incluía, além das aulas de atividades domésticas previstas em lei, línguas, gramática, literatura, geografia e história. 

Leolinda de Figueiredo Daltro e o primeiro partido feminino 

Leolinda Daltro

Leolinda Daltro

Leolinda de Figueiredo Daltro nasceu em 1859 e era professora, com foco principal na educação dos indígenas por meio do ensino laico, desligado da igreja. Sua vida já era um afronta aos costumes da época, já que ela tinha se divorciado duas vezes e sustentava os cinco filhos com o próprio salário. 

Mas foi em setembro de 1909, quando foi impedida de apresentar um trabalho no primeiro Congresso Brasileiro de Geografia por ser mulher que ela percebeu que precisaria mudar as leis para se inserir no espaço público. 

Foi aí que Leolinda fundou o Partido Republicano Feminino (PRF), em 1910, o primeiro com esse perfil montado no Brasil – e não formalmente reconhecido como partido, já que nem direito a voto as mulheres tinham ainda (uma das demandas, claro, do PRF). 

Bertha Lutz e o primeiro congresso feminista

Bertha Lutz

Bertha Lutz

Nascida em 1894, Bertha Lutz entra em cena quando o movimento faminista da América Latina vinha se internacionalizando e já estava integrado às redes europeias. 

Depois de se formar na Europa e voltar ao Brasil, teve dificuldades para se estabelecer como cientista, já que essa atividade era monopolizada por homens, o que a levou a entrar na atividade política. 

Ela funda, então, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher (LEIM), que tinha a aprovação do sufrágio feminino como um de seus maiores objetivos.

Naquele mesmo ano, a LEIM vira a Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF) e organiza o Primeiro Congresso Internacional Feminista do Brasil, no Rio de Janeiro.

Almerinda Gama e o feminismo sindicalista

Almerinda Gama

Almerinda Gama

Almerinda Gama fez treinamento para ser datilógrafa e, ao começar a procurar emprego, percebeu a nítida diferença dos salários entre homens e mulheres.

Em busca de melhores condições, ela se muda de Belém para o Rio de Janeiro, onde tem os primeiros contatos com o movimento feminista e se aproxima da FBPF. 

Entre suas funções na federação, ela era a ponte entre a entidade e a imprensa carioca, convencendo jornalistas a publicar notas sobre a FBPF.

Almerinda também ajudou a fundar e foi a primeira dirigente do Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos do Distrito Federal. Como líder sindical, foi a única mulher a votar como delegada eleitoral na Assembleia Nacional Constituinte de 1933.

Próximos passos: Mais mulheres na política

Como o voto feminino ainda era um direito que privilegiava mulheres brancas e de classe alta, foi apenas em 2010 que nós mulheres nos tornamos maioria dos votantes nas eleições gerais, representando 51,82% dos 135 milhões de eleitores. 

O número de candidaturas femininas continua crescendo, mas ainda está longe de representar a população brasileira. Hoje somos 52,5% do eleitorado, mas as mulheres representam 33,3% das candidaturas. 

Sabemos que há diversos fatores que impedem que mais mulheres exerçam cargos de poder no Brasil, incluindo a falta de apoio dos partidos, falta de financiamento e a famosa síndrome da impostora. 

Para mudar esse cenário, criamos a campanha Indique uma Mulher, que tem como objetivo incentivar mais mulheres a participarem da política e dar o suporte necessário durante a candidatura. 

Se você conhece aquela mulher perfeita para assumir um cargo político, mas que só precisa de um empurrãozinho, indique-a para nós. Entraremos em contato com a sua indicada para deixar claro que ela tem sim tudo que precisa para ser uma líder na política! 

 

Texto de Bruna Rocha, 28 anos, voluntária da #Elasnopoder, redatora e pós-graduada em Gestão Empresarial e Marketing. Apaixonada por escrita, viagem e tudo o que é feito à mão. 

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