#ElasNoPoder

O poder da moda sem gênero da Geração Z

Como a moda de gênero fluido vem afetando questões sociais, o mercado da moda e o que ela pode gerar dentro da política.

Clara Prado

voluntária da Elas

11/02/2021

Como sabemos, a moda é alvo em constante mudança e movimento. É uma expressão da nossa sociedade e das experiências que tivemos. Hoje, olhando para o mundo ao nosso redor, você pode notar que as definições de gênero não são tão nítidas como antes. O que antes era aceitável apenas para um gênero, aos poucos se transformou em uma forma aceitável para o outro. Para a indústria da moda, gênero neutro não é apenas um conceito e sim a nova maneira de fazer negócio.

As modas de gênero fluidas e neutras de gênero não são apenas uma fase na moda, são um movimento atraente e um passo em direção à evolução. As pessoas estão mais confortáveis do que nunca com quem são. Os conceitos de masculinidade e feminilidade não definem mais as roupas que as pessoas usam. Pessoas têm a oportunidade de definir-se em seus próprios termos. De acordo com Rob Smith, fundador do Phluid Project 56% dos consumidores da Geração Z compram “fora de sua área de gênero designada”.

No ocidente, esse movimento de troca entre os sexos começou junto à revolução industrial quando mulheres conquistaram o direito de votar e trabalharam ao lado dos homens durante a Primeira Guerra Mundial. De acordo com Dawnn Karen, MA, Ed.Mc, psicóloga da moda e fundadora do Fashion Psychology Institute “Uma vez que fomos (mulheres) autorizadas a fazer com que os homens entrassem nas indústrias pós-guerra, que se tornaram dominadas pelas mulheres, essa fluidez pode para acontecer com a moda também”. Isso levou à “masculinização” do guarda-roupa feminino: mulheres começaram a usar calças com regularidade e logo aceitação social seguiu. Hoje, as calças não mais fazem parte unicamente do vestuário masculino. Este primeiro “movimento de gênero neutro” ocorreu na década de 1960 com um visual marcadamente mais masculinizado.

Hoje, vê- se o movimento contrário chegando aos grandes veículos de comunicação em massa. Estamos alcançando um tempo em que os homens estão vestindo roupas lidas como mais femininas. O cruzamento das linhas de gênero do masculino para o feminino está cada vez mais comum. Mais e mais homens estão dispostos a empurrar o envelope e mostrar seu feminino, tome os artistas Kanye West, Jaden Smith, Rapper Lil Uzi Vert, Harry Styles, Pharrell Williams que aparecem constantemente na mídia usando peças femininas como exemplo desta fluidez. Ajudando para que o conceito de orientação sexual mude completamente para a Geração Z , tanto dentro quanto fora da moda. Os homens estão agora assumindo o que tradicionalmente seriam considerados papéis e carreiras femininas, enquanto as mulheres desempenham há muito tempo em um “mundo masculino”.

Mas o que moda e gênero tem a ver com política?

Nas últimas eleições, tivemos o resultado mais representativo do Brasil. Elegendo mulheres em 12% dos municípios brasileiros e elegendo Erica Malunguinho como primeira deputada trans do Brasil. Mostrando que a mudança de pensamento sobre papéis de gênero está mudando dentro de comunidades, em círculos menores, e atingindo grandes espaços, mostrando que expressões sociais como a moda tem resultados concretos em ações políticas.

Com isso, podemos constatar que a maneira como as nossas novas gerações vêem o mundo é diferente de todas as outras. Com informações a um clique de distância a vida se trata de fluidez. Eles não veem a vida em binários, mas como algo mais flexível e não tão facilmente definido. Hoje termos como transgênero e pansexual tornaram-se parte da cultura popular.

De acordo com o Pew Research Center, 35 % da Geração Z está familiarizada com os pronomes neutros de gênero, seguidos pela geração Y com 25 %. Jogue na Gen X em 16 % e o número total de pessoas familiarizadas com pronomes de gênero neutro chega a 76 %. Isso mostra que pautas antes obscuras e vítimas de extermínio do estado estão saindo de nichos e chegando às massas.

A Geração Z, pela primeira vez, é o maior público de negócios e a geração mais interessada em políticas de inclusão e meio ambiente. Como resultado, estão fazendo o mundo se curvar aos seus termos. Fazendo com que até gigantes globais como H&M e Zara tivessem suas coleções sem gênero, com a linha Denim United e a coleção Engendered, respectivamente. A dinâmica de mercado está seguindo os desejos desses novos consumidores e com isso fazendo moda de gênero fluido atingir diferentes demografias através de produtos de consumo como coleções abrangentes e em forma de apoio a causa, como o filme feito pela Gucci apresentado no Sundance Film Festival.