O fim da Era Merkel: a primeira mulher eleita chanceler na Alemanha deixa o poder

Em 2005, aos 51 anos, a doutora em química quântica Angela Merkel se tornava a primeira mulher chanceler da Alemanha. Hoje, 16 anos depois, pesquisadores reconhecem no "fim da Era Merkel" um perigo para a estabilidade mundial.

Naomi Cary

voluntária da Elas

04/02/2021

Durante os quase 16 anos de sua atuação como chefe de governo de seu país, Merkel conquistou o título de mulher mais poderosa do mundo. Pelo menos é o que diz a revista Forbes, que a coloca no topo da lista das personalidades femininas mais influentes e poderosas do planeta há dez anos.

A chanceler, que cresceu sob o regime comunista da Alemanha Oriental, começou sua carreira governamental como ministra da Mulher e da Juventude. Reeleita três vezes – em 2009, 2013 e 2017, esteve à frente do país durante vários momentos delicados: a crise econômica global de 2008, as ameaças de encerramento da União Européia e a pandemia de Covid-19.

Damas de ferro: Estereótipos e masculinização

Falta de carisma, hesitação e passividade foram alguns dos adjetivos usados para descrever a chanceler por analistas e cientistas políticos. Tal personalidade, unida às reformas propostas desde a sua campanha, renderam-lhe o apelido, por alguns, de “Margaret Thatcher alemã”. Outros a comparavam com a ex-presidenta brasileira, Dilma Rousseff, tanto pela forma de se comunicar quanto pelo jeito de se colocar.

A postura sóbria, previsível e pouco empolgante renderam quatro mandatos e, ao passo que sua popularidade oscilava, a Alemanha seguia se consolidando diante do mundo.
Assim como a maioria das mulheres em cargos de poder, os estigmas e estereótipos nunca a deixaram: seu jeito de fazer política, menos combativo e exagerado fazia com que ela fosse vista como uma mulher extremamente prática, dura e fria.

Características essas usadas para masculinizar mulheres em posições de poder, no sentido de justificar suas conquistas alegando que isso se dá ao fato de que elas se parecem com homens.
Na Alemanha, Merkel virou até verbo: “zu merkeln”, usado informalmente, quer dizer algo como não ter uma opinião formada sobre algum assunto.

Empatia e escuta: conversas com a chanceler

Durante a pandemia de Covid-19, a governante tornou virtual as conversas que tinha com a população: as reuniões chamadas de “Conversa com a Chanceler” promovem semanalmente, na plataforma Zoom, conversas de uma hora e meia entre a chefa do governo e alguns cidadãos alemães, como cuidadores, policiais e estudantes. A ideia é que as pessoas que sofrem com algo ou têm preocupações latentes, possam compartilhá-las.

Tais demonstrações de empatia e escuta, que são estratégias políticas para sentir os ânimos da população, fez com que a popularidade de Merkel disparasse nesta pandemia para níveis recordes e analistas afirmam que a maioria do povo alemão considera boa sua administração da crise sanitária.

Merkel e o Brasil

A relação Brasil e Alemanha, desde a eleição de Merkel, passou por altos e baixos. Ao passo que nos governos de Lula e Dilma alguns avanços e acordos se deram entre os países, Merkel e Bolsonaro parecem não se entender.

Enquanto o presidente vê na preocupação da comunidade internacional sobre a Amazônia motivos colonialistas e ataca abertamente Alemanha e França, a chanceler não deixa de verbalizar sua indignação com a forma como Bolsonaro administra a crise gerada pela pandemia.

Tida como uma das maiores gerentes de crise do mundo durante a pandemia, Angela Merkel – que teve seu discurso sobre a importância de tratar a pandemia com seriedade eleito por um painel de especialistas em retórica como o “Discurso do Ano” de 2020 – segue mantendo uma narrativa forte e baseada em informações científicas defendendo o endurecimento e prolongamento do lockdown.

Finalizando…

Seguindo e sendo o exemplo de outras líderes mundiais, as mulheres têm sido exímias administradoras durante a pandemia de Covid-19.

Segundo um estudo publicado na Harvard Business Review Home, os resultados relacionados à doença, incluindo o número de casos e mortes, eram sistematicamente melhores em países liderados por mulheres.

Para além da representatividade, mais mulheres eleitas significa melhores índices sociais para a população.

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