16/09/2021
Se nas olimpíadas de Tóquio um dos maiores desafios do acompanhamento ininterrupto foi o fuso horário, durante as paralimpíadas, outro fator foi somado à discussão: a ausência de cobertura da mídia, que não conseguiu ser superada nem mesmo diante dos cenários e discursos mais capacitistas.
Programadas para acontecer em 2020, as paralimpíadas e olimpíadas de Tóquio foram adiadas para 2021 em decorrência da pandemia da Covid-19. Mesmo nesse cenário de calamidade em saúde pública, com limitações de treino e falta de investimentos, nossas(os) paratletas ocuparam novamente a 7º posição no quadro de medalhas, tal qual Londres 2012, igualaram ao número de medalhas nas olimpíadas de Rio 2016 e também tiveram uma das maiores delegações da história.
Mesmo já tendo alcançado resultados similares nas duas paralimpíadas posteriores a de 2020, esta foi a que teve mais categorias entre os medalhistas, demonstrando que o país é uma potência mundial nos esportes paralímpicos. Das 72 medalhas, 22 ouros foram conquistados, 20 pratas e 30 bronzes.
Além de ser destaque no número de medalhas, recordes foram superados como Beth Gomes, no arremesso de peso, Gabriel Bandeira nos 100 metros borboletas na natação; Petrucio Ferreira, no Atletismo.
A transmissão oficial dos Jogos ocorreu pela TV Brasil. Porém, outras emissoras esportivas, que durante as olimpíadas mobilizaram todos os seus canais para compartilhamento dos jogos, destinaram apenas um canal e um número bem reduzido de horas televisionadas para transmissão das paralimpíadas.
Em um relato pessoal de quem tentou acompanhar o evento, foi frustrante ver que emissoras dedicadas ao esporte optaram por reprisar algumas disputas, enquanto outras aconteciam em tempo real. Uma notícia do portal UOL ressalta ao menos 3 categorias em que o Brasil obteve medalhas e não foram transmitidas nem por canais de TV ou pelo Youtube.
O que pôde-se notar é que às(aos) atletas paralímpicas(os) foram reservadas apenas algumas notícias, muitas vezes permeadas de capacitismo, que transformaram suas vitórias num discurso de superação, quando na verdade foram resultado de dedicação e treino, tal qual qualquer outra vitória no esporte brasileiro.
Democraticamente, dar igual visibilidade aos jogos paralímpicos, quando comparada a transmissão das olimpíadas, é garantir que estas(es) atletas sejam vistas(os) pela sua capacidade técnica, para além das coberturas capacitistas. É demonstrar que as mídias, convencionais ou não, estão preparadas para construir conteúdos e transmissões inclusivas, mas principalmente, garantir que pessoas com deficiência possam se ver representadas em espaços não antes vistos.
Infelizmente este espaço não foi concedido em Tóquio 2020, quem sabe nos jogos paralímpicos de inverno em 2022 tenhamos um cenário diferente.
Enviando avaliação...
Comentários (0)
Escreva um comentário