Como ficam as mulheres que não foram eleitas em 2022?

17/12/2022

No ano de 2022, atingimos a marca recorde de mulheres que se candidataram a um cargo na política.

Apesar do pequeno aumento no número de mulheres que foram eleitas a esses cargos, celebramos a vitória nas urnas das parlamentares e governadoras eleitas.

No entanto, além de comemorar essas conquistas, é interessante refletir como ficam as mulheres que não foram eleitas em 2022. 

Conversamos com a candidata a deputada distrital pelo PSB/DF Thaynara Melo, e, para além de conhecer sua experiência no processo de campanha eleitoral, também entender como se encontra no pós-eleição. 

A experiência ao se candidatar em 2022

Candidata pela segunda vez, Thaynara aponta que sentiu em 2022 uma maturidade política com relação às eleições de 2018, ano em que se candidatou, pela primeira vez, ao cargo de deputada federal.

Ela destaca que para mulheres que se candidatam, a experiência de campanha política é muito importante: 

“Eu acho que para todas as mulheres que participam do processo político é importante, porque a gente vem de uma cultura em que não passamos por processos de liderança, protagonismo e visibilidade de forma permanente, isso vai ser construído com muito mais timidez do que com os homens, então quando você tá acendendo a esses espaços é sempre uma grande aprendizagem individual, e no nosso caso também coletiva, em uma equipe composta majoritariamente por mulheres [..]”

Thaynara destaca como desafios na candidatura de 2022:

  • A polarização política, que afetou a representatividade de candidaturas que estavam fora dos partidos das principais figuras ao cargo de presidência da república;
  • O financiamento da campanha eleitoral, que apesar de apoio do partido, demanda uma quantidade maior de recursos;
  • A necessidade de profissionalização das equipes de campanha e a demora de decisão dos candidatos majoritários por parte dos partidos políticos.

O ponto de vista emocional ao se candidatar

Thaynara aponta que as eleições de 2022 vieram junto com um turbilhão de emoções.

Dentre essas emoções, o receio de estar nas ruas dada a agressividade advinda da dicotomia gerada na eleição presidencial.

Nesse sentido, ela afirma que esse fator influenciou o seu ritmo e daquelas pessoas que estavam nas ruas.

Além disso, a questão da validação política também foi um fator emocional para a candidata.

Por estar concorrendo a um cargo político pela segunda vez, o receio de receber uma menor quantidade de votos do que na eleição anterior poderia colocar em xeque sua consolidação na política, destaca ela. 

Apesar de ter obtido um número de votos superior a sua primeira candidatura, ela destaca a enorme pressão no processo eleitoral: 

“Foi eleitoralmente um resultado positivo, mas o processo gerou uma pressão muito grande. Isso porque a preocupação de você falhar e não apresentar um resultado eleitoral que você já tinha apresentado na campanha passada era muito grande […]”

Mesmo com os medos gerados pelo receio de se posicionar nas ruas, juntamente com a questão da validação política, Thaynara aponta que a sua equipe, constituída por voluntários de campanha e pessoas do seu próprio vínculo político que a acompanha na atuação em movimentos sociais, foi fundamental para que ela não chegasse ao seu limite e pudesse lidar com essa pressão.

Ela aponta que foi de extrema importância ter uma equipe em que ela pudesse se sentir segura.

O estado emocional no pós-eleição, principalmente das mulheres que não foram eleitas

Thaynara diz que se sente emocionalmente melhor neste momento.

Ela reconhece que ver o seu próprio resultado eleitoral e ver que foi possível realizar uma boa campanha traz tranquilidade e segurança.

Os desgastes, no entanto, vão além da saúde mental.

Ela aponta que também saiu fisicamente desgastada do processo eleitoral, precisando ficar um tempo reclusa e utilizando medicamentos. 

Ainda assim, ela se mostra otimista com o próprio processo de candidatura e o cenário político do Brasil nos próximos anos: 

“Sinto que estamos num movimento de retomada e reorganização. Me sinto agora segura, inclusive, muito mais segura do que em 2018. Acho que esse processo todo de validação pública de votos me trouxe também uma perspectiva de segurança pessoal, de entender que eu não preciso ficar me provando o tempo todo para as outras pessoas. Eu consigo fazer de acordo com as circunstâncias e condições que são me dadas e eu preciso respeitar os meus limites e também valorizar tudo aqui que eu consigo fazer […]  Foi um processo de aprendizagem que eu recebo hoje com muita felicidade.”

Maria Eduarda de Oliveira Alves, voluntária na #ElasnoPoder e graduanda em Ciências Sociais.

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