Com mulheres no poder, promessas eleitorais viram políticas públicas de fato

Nayara Machado

voluntária da Elas

18/03/2021

Mulheres políticas ajudam a garantir um elemento crucial da teoria democrática: a realização e o cumprimento de promessas eleitorais. A conclusão é de um estudo conduzido pelo professor de ciência política Jonathan Homola e publicado na Legislative Studies Quarterly, que analisou as promessas de campanha e as políticas públicas subsequentes em 12 países.

A pesquisa identificou que, à medida que um partido muda de líder masculino para uma líder feminina, a probabilidade de que qualquer uma de suas promessas seja cumprida aumenta em 13 pontos percentuais.

“Mulheres em cargos de governo e liderança desempenham um papel significativo na formulação de políticas, e talvez o desempenhem de forma mais eficaz do que os homens”, diz o autor. No estudo, ele sugere que mulheres podem ser formuladoras de políticas mais qualificadas do que os homens sob restrições institucionais semelhantes.

Além disso, à medida que o número de deputadas aumenta, os partidos abordam uma maior diversidade de questões em suas campanhas eleitorais, dão mais ênfase às questões de justiça social em suas plataformas partidárias, e é mais provável que apresentem e apoiem projetos de lei com foco em interesses feministas e de gênero, aponta Homola.

Para chegar a essas conclusões, o pesquisador usou dados do Comparative Party Pledge Group (CPPG), que identifica promessas em plataformas partidárias e avalia até que ponto elas são cumpridas posteriormente. Os países incluídos no estudo foram Áustria, Bulgária, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda, Portugal, Espanha, Suécia, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.

Para Homola, examinar o cumprimento das promessas de campanha é importante porque, em contraste com a apresentação de projetos de lei, debates em plenário ou mesmo votações nominais, eles representam resultados políticos reais. “E significa que as eleições estão funcionando corretamente”, conclui.

Longo caminho pela frente

Apesar de termos provas concretas de como a maior participação feminina na política é benéfica em diferentes frentes – vide o destaque para a luta contra a pandemia de Covid-19 em países chefiados por mulheres – ainda há um longo caminho a ser percorrido para que tenhamos mais mulheres no poder.

No Brasil, por exemplo, o desafio é grande: segundo o Mapa das Mulheres na Política 2020, feito pela Organização das Nações Unidas (ONU), ocupamos o 140º lugar no ranking de representação feminina no Parlamento.

Na América Latina, o estamos à frente apenas de Belize (169º) e Haiti (186º). Lideram o ranking Ruanda (1º), Cuba (2º) e Bolívia (3º). Para chegar ao poder, mulheres brasileiras ainda precisam vencer barreiras como falta de recursos financeiros e um ambiente político hostil e machista.

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