Mulheres e as eleições municipais de 2020: análise dos resultados

Nerea Gárcia

voluntária da Elas

26/11/2020

Só uma a cada dez candidaturas a prefeito é de mulher e nas câmaras de vereadores, esse percentual é de 34%. Mesmo assim, nestas eleições, o número de candidatas mulheres às prefeituras e câmaras municipais foi o maior da história brasileira.

Nos anos anteriores, a cifra não passava do 32%, já neste ano, 33,6% das candidaturas eram femininas. Este pequeno aumento é positivo, porém insuficiente. Ainda temos muito trabalho pela frente. E as candidaturas laranjas? Bom, mais de 5 mil candidatos não receberam nem um voto e o 65% foram mulheres.

Candidatas eleitas

Quando falamos em candidatas eleitas, também tivemos um pequeno aumento no número de candidatas eleitas e o número de mulheres negras eleitas também aumentou.

Se em 2016, 11,57% das prefeituras foram conquistadas por mulheres, em 2020 são 12,2%. Proporcionalmente, o estado que elegeu mais prefeitas foi Roraima (28,6%), seguido de Alagoas (21,8%) e Maranhão (21,6%), enquanto Espírito Santo foi o que menos (1,4%). Veja a lista com todos os Estados aqui. 

Nas capitais, Cinthia Ribeiro foi reeleita prefeita de Palmas (TO) e outras cinco disputam a prefeitura no segundo turno: Marília Arraes (PT), em Recife; Danielle Garcia (Cidadania), em Aracaju; Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre; Cristiane Lopes (PP), em Porto Velho; e Socorro Neri (PSB), em Rio Branco. Patrícia Ferraz (Podemos) concorrerá à prefeitura de Macapá no dia 13 de dezembro. Esperemos que o número de prefeitas aumente no dia 29 de novembro.

Em relação às vereadoras, a proporção subiu para 16%. Um aumento pouco expressivo se levarmos em consideração as cifras de 2016 (13,5%). Nas capitais, elas são 18% dos vereadores eleitos. Porto Alegre será a capital com a maior representação feminina, com 11 vereadoras. Belo Horizonte elegeu, pela primeira vez, 11 mulheres, Florianópolis cinco e Rio de Janeiro dez vereadoras.

São Paulo apenas elegeu duas mulheres mais do que em 2016, a primeira mulher negra e trans, Erika Hilton (PSOL), e Silvia da Bancada Feminista (PSOL). Em Cuiabá, apenas dois dos 25 vereadores são mulheres. Goiânia, Campo Grande e Rio Branco elegeram o mesmo número de vereadoras que em 2016. Infelizmente, outras capitais, João Pessoa, Porto Velho, Manaus e Maceió, reduziram o número de mulheres na câmara municipal. 

Por outro lado, várias capitais tiveram mulheres como as candidaturas mais votadas: Indianara Barbosa (Novo) em Curitiba, Duda Salabert (PDT) em Belo Horizonte, Linda Brasil (PSOL) em Aracaju, Karen Santos (Psol) em Porto Alegre e Dani Portela (PSOL) em Recife. Enquanto Curitiba e Espírito Santo elegeram as primeira vereadoras negra da história das cidade, Carol Dartora (PT) e Camila Valadão (PSOL). Além disso, segundo o mapeamento da Associação Nacional de Transexuais e Travestis, 30 candidaturas femininas trans foram eleitas.

Pequenas vitórias e muito trabalho pela frente…

Segundo as declarações do pesquisador e doutor em demografia, José Eustáquio Alves para Gênero e Número, “se continuarmos nesse ritmo, só em 56 anos teremos paridade entre homens e mulheres nas câmaras municipais. (…) e precisaríamos de 300 anos para que a paridade chegasse às prefeituras”.

Logo, ainda há muito trabalho para se fazer, as cotas não são suficientes. As mudanças culturais, os partidos políticos e a sociedade civil são ferramentas chave para alcançarmos uma política mais representativa. Aqui na Elas no Poder continuaremos trabalhando para que cada vez sejam mais as mulheres eleitas! Bora?

 

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