A desigualdade de gênero segundo o Global Gender Gap Report 2022

Talita Correia

voluntária da Elas

27/09/2022

Publicado, anualmente, desde 2006, pelo Fórum Econômico Mundial, o Global Gender Gap Report realiza um estudo abrangente das lacunas baseadas em gênero, concentrando-se nas diferenças relativas entre mulheres e homens em quatro dimensões principais: 

  • Participação e oportunidade econômica; 
  • Nível educacional; 
  • Saúde e sobrevivência e 
  • Empoderamento político. 

Sobre o Global Gender Gap Report 2022

Esta décima sexta edição do Global Gender Gap Report também fornece novos dados sobre tendências emergentes no mercado de trabalho e na sociedade de forma mais ampla.

O relatório é composto por um resumo das principais conclusões a nível global, regional e de cada país, infográficos ​​e perfis de países.

Acesse a versão digital do Global Gender Gap Report aqui. 

O estudo busca avaliar o quão bem os países distribuem seus recursos nessas quatro áreas entre homens e mulheres e as conclusões geram o Índice Global da Desigualdade de Gênero.

Esse índice mede as disparidades de gênero em diversos países do globo, compara o estado atual e acompanha seu progresso ao longo do tempo. 

O índice varia de 0 a 1, quanto mais próximo de 0, mais desigual o país é.

E, quanto mais próximo de 1, mais paritário o país é. 

A edição de 2022 foi publicada em 13 de julho e abrange 146 países, incluindo Comores pela primeira vez.

No entanto, Bahamas, Cuba, Croácia, Iraque, Mauritânia, Papua Nova Guiné, Rússia, Síria, Trinidad e Tobago, Venezuela e Iêmen não estão cobertos pelo relatório deste ano.

Principais conclusões do relatório de 2022

Na edição do Global Gender Gap Report deste ano, o relatório concluiu que, no ritmo atual de progresso, levaremos 132 anos para eliminar a disparidade de gênero.

Após perdas substanciais entre 2020 e 2021 devido à pandemia de COVID-19, o ritmo em direção a paridade de gênero retrocedeu, no relatório de 2020 estimava-se que a paridade de gênero seria alcançada em aproximadamente 100 anos. 

Além desse prazo sofrer um ligeiro aumento, ele pode ser intensificado e corre o risco de um retrocesso mais intenso devido às múltiplas crises instauradas no mundo: as profusas consequências da pandemia de Covid-19, conflitos geopolíticos e aumento do custo de vida em todas as regiões do mundo.

A nível global, as principais conclusões do Global Gender Gap Report de 2022 foram: 

  • O relatório sugere que a diferença global de gênero foi reduzida em 68,1% em 2022. No ritmo atual de progresso, levará 132 anos para atingir a paridade total. Esses dados representam uma ligeira melhoria de quatro anos em comparação com a estimativa de 2021, de 136 anos para a paridade. No entanto, faz não compensar a perda geracional que ocorreu entre 2020 e 2021: de acordo com tendências até 2020, a diferença de gênero foi estimada fechar (atingira a paridade de gênero) em 100 anos.

 

  • O relatório também conclui que, embora nenhum país ainda tenha alcançado a paridade de gênero total, as 10 principais economias do mundo fecharam em 80% de suas diferenças de gênero.

 

  • Com base nos dados atuais, a América Latina e Caribe atingirá a paridade de gênero em 67 anos.

 

  • América do Norte e Europa são as regiões do globo com os melhores índices. Ao passo que o sul da Ásia tem as maiores disparidades entre gêneros de todas as regiões do mundo. 

 

  • De acordo com as taxas atuais de progresso, a nível global, levará 155 anos para atingirmos a paridade na política, 151 anos no que tange a paridade na participação econômica e 22 anos para atingirmos a paridade entre homens e mulheres na educação. 

 

  • Embora as lacunas (desigualdade de gênero) no nível de escolaridade, saúde e sobrevivência estejam quase fechadas em todo o mundo, o progresso nas lacunas na participação e oportunidades econômicas e no empoderamento político continua atrasado. 

 

  • O relatório deste ano examina a situação das disparidades de gênero na força de trabalho, uma vez que as barreiras estruturais e os choques econômicos continuam a impactar amplamente – e desproporcionalmente – os resultados da força de trabalho das mulheres. Embora as mulheres tenham migrado cada vez mais para o trabalho remunerado, elas ainda precisam lidar com expectativas sociais, disponibilidade limitada de cuidados, salários menores e políticas internas das empresas que afetam sua educação e crescimento na carreira.

Principais conclusões do relatório de 2022, no que tange ao Brasil

Em 2022, o Brasil obteve a pontuação geral de 0,696. O que fez alocar o Brasil na posição 94º do ranking do Índice Global de Desigualdade de Gênero.

Os cinco primeiros colocados foram: Islândia, Finlândia, Noruega, Nova Zelândia e Suécia.

Quanto ao Brasil, as principais conclusões apontadas pelo Global Gender Gap Report de 2022 foram:

  • Mais da metade da população brasileira é composta por mulheres. Até o momento, o país fechou 69,6% de sua diferença geral de gênero, uma pequena melhoria em relação a 2021. 

 

  • As mudanças mais significativas que o Brasil registrou este ano foram sobre o subíndice participação e oportunidades econômicas. Neste sentido, há uma melhora de quatro posições no ranking em comparação a classificação do ano passado. 

 

  • A participação das mulheres em cargos públicos, funcionário sênior e gerencial diminuiu 1%, enquanto a proporção de trabalhadores do sexo masculino na mesma categoria aumentou proporcionalmente, e o participação de mulheres em cargos técnicos e profissionais permaneceu em plena paridade, segundo o relatório. 

 

  • Paridade estimada de renda auferida melhorou moderadamente (+0,052), mas principalmente porque a renda dos homens diminuiu. Uma vez que em 2022, as mulheres ganham 1% a mais do que em 2021, enquanto os homens ganham 7% menos. A igualdade salarial para trabalhos semelhantes também melhorou, com um aumento de pontuação de +0,017. 

 

  • Dentre as quatro áreas avaliadas pelo Global Gender Gap Report, o Brasil obteve a nota máxima, ou seja, 1 (paridade), quanto às conquistas acadêmicas. Fazendo o país ficar em primeiro lugar no ranking por área. 

 

  • O país obteve o primeiro lugar entre os países pesquisados no subíndice da saúde e sobrevivência, ficando com a pontuação 0,980. 

 

  • O único subíndice onde o Brasil relata desempenho inferior é em empoderamento político, por causa de uma contração na porcentagem de mulheres no parlamento (-0,4% percentagem pontos), de acordo com dados do relatório. Neste subíndice, quando analisado isoladamente, o Brasil ficou em 104ª lugar. 

Com isso, no Índice Global de Desigualdade de Gênero, que leva em consideração as 4 áreas, o país caiu uma posição comparado ao ano passado.

 

Considerações finais sobre o Global Gender Gap Report 2022

O Global Gender Gap Report 2022 compara 146 países, fornecendo uma base para análises robustas entre países no que tange a desigualdade de gênero.

Os dados fornecidos pelo relatório podem ser um importante catalisador de conscientização da desigualdade de gênero no mundo, capaz de embasar políticas públicas eficazes e estimular ações do setor público e privado para a eliminação da desigualdade de gênero em diversas áreas da sociedade. 

O presente texto tem o condão de trazer os aspectos gerais do Global Gender Gap Report 2022 e incitar reflexões sobre a situação da desigualdade de gênero na atualidade.

Para uma análise pormenorizada, recomendamos fortemente a leitura do relatório. 

Texto por: Talita de Jesus Correia.

Voluntária do time de pesquisa do Elas no Poder, advogada, graduanda em Ciências Políticas e mestranda em Negócios Internacionais. 

Referência

World Economic Forum. Global Gender Gap Report 2022. Disponível em: https://www.weforum.org/reports/global-gender-gap-report-2022/digest/

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Comentários (2)

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Silvana Granemann 23 de outubro de 2023 Muito bom. Tradução exemplar do Relatório. Obrigada.
Elvira Centeio 6 de julho de 2023 Excelente artigo que aborda uma questão muito importante: paridade de gêneros.
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