Gênero e mudanças climáticas

Fortalecimento da ação climática por meio da promoção da igualdade de gênero

Clara Prado

voluntária da Elas

27/08/2021

Mulheres e homens enfrentam o mundo de maneiras diferentes e isso também vale quando o assunto é meio ambiente. A persistência de desigualdades de gênero afeta diretamente a capacidade de adaptação de indivíduos e comunidades às consequências das mudanças climáticas.

Para que a atual conjuntura melhore, é necessário reconhecer as contribuições das mulheres como partes interessadas no assunto, como educadoras, cuidadoras e especialistas em diversos setores e níveis. Isso permite que elas exerçam seu papel de tomadoras de decisão e contribuam para soluções bem-sucedidas e de longo prazo para as mudanças climáticas.

O movimento a favor de reconhecer o trabalho – muitas vezes velado – das mulheres não é de hoje. Muitos estudos e exemplos práticos no Brasil e no mundo mostram que mulheres lideram o caminho para soluções mais equitativas e sustentáveis ​​para diversos setores. Para o problema das mudanças climáticas não é diferente. Em todos os setores, as inovações e conhecimentos das mulheres transformam vidas, meios de subsistência e aumentam a resiliência climática e o bem-estar geral.

Como consequência, as negociações globais têm refletido cada vez mais a compreensão das considerações de gênero na tomada de decisões sobre o clima. O progresso contínuo em direção à igualdade de gênero no Tratado de Paris, por exemplo, pode ajudar a alcançar uma ação climática bem-sucedida.

Mas a ideia de que mulheres são fatores de mudança não fica apenas no papel. Vê-se diariamente o papel da mulher dentro da agricultura familiar, como chefe de família e muitos outros cenários perto do nosso cotidiano.

Mas qual é o problema exatamente?

Em todas as sociedades, os impactos das mudanças climáticas afetam mulheres e homens de maneiras diferentes. As mulheres costumam ser responsáveis ​​pela coleta e produção de alimentos, coleta de água e obtenção de combustível para aquecer e cozinhar. Porém, com as mudanças climáticas, essas tarefas estão se tornando mais difíceis. Eventos climáticos extremos, como secas e inundações, têm um impacto maior sobre os pobres e mais vulneráveis ​​- e 70% dos pobres do mundo são mulheres.

Além de serem desproporcionalmente afetadas pelas mudanças climáticas, elas também  desempenham um papel crucial na adaptação e mitigação das comunidades. Contudo, suas formas de solução ainda são um pouco exploradas devido a direitos fundiários restritos, falta de acesso a recursos financeiros, treinamento, tecnologia e acesso limitado a esferas de decisões políticas. Esses fatores frequentemente as impedem de desempenhar um papel completo no combate às mudanças climáticas e outros desafios ambientais.

Incentivar o conhecimento e a capacidade das mulheres representa uma oportunidade importante para criar soluções para a mudança climática e muitos outros setores que se beneficiaram com mais ideais e pessoas.

Por que isso é importante?

A mudança climática representa o desafio mais complexo de nosso tempo, e requer uma resposta coordenada, proativa e holística. A desigualdade de gênero pode limitar drasticamente a resiliência e a adaptação de mulheres, famílias e comunidades. Também pode restringir como abordamos e pensamos na mitigação de mudanças climáticas.

As evidências mostram que o empoderamento das mulheres e o avanço da igualdade de gênero podem gerar resultados em uma variedade de setores, incluindo alimentação e segurança econômica e saúde. Também pode levar a uma tomada de decisões mais ecologicamente correta em nível doméstico e nacional, mesmo assim mulheres ainda não são 50% das pessoas tomadoras de decisão. Como grupo, as mulheres são mal representadas em todas as esferas políticas, incluindo a internacional, que regula os esforços globais para reter os danos ao planeta em que vivemos.

O que pode ser feito?

As negociações das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, sem menção ou qualquer discussão relacionada a gênero até 2008, vem recentemente refletindo uma maior compreensão dos vínculos entre igualdade de gênero e a resposta às mudanças climáticas. O Programa de Trabalho de Lima sobre Gênero, adotado na COP 20 em 2014, por exemplo, promove o equilíbrio de gênero e a realização de políticas climáticas sensíveis ao gênero.

No nível nacional, importantes passos à frente incluem a formulação e planejamento de políticas, programas e projetos. Também incluem financiamento, implementação, monitoramento e avaliação das ações com base nos acordos internacionais para que atinjam todas as metas.

Em particular, o investimento em Planos de Ação de Gênero de Mudança Climática participativos com múltiplas partes interessadas que podem ajudar países como o nosso a se desenvolver com ações baseadas em preocupações de gênero na perspectiva única das mulheres. Mas não vemos esforços para esse tipo de impetração atualmente no Brasil.

Para estarmos minimamente preparados, é importante garantir espaço e recursos iguais para que mulheres e homens participem da tomada de decisões e ações sobre mudança climática em todos os níveis. Por isso, vote, participe politicamente das suas esferas, e se possível se candidate.

Para mais informações sobre o tema, dê uma olhada nesses sites:

 

 

Clara Prado é jornalista e internacionalista, atualmente trabalhando com Marketing SEO. É apaixonada por artes, politica e especialmente por escrever.

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