Como mais mulheres na política podem ajudar na luta contra o feminicídio?

Sabrina de Almeida

voluntária da Elas

23/06/2022

Anna Carolina Pascuin, de 24 anos, foi morta, vítima de feminicídio, em novembro de 2021, dentro de seu quarto enquanto dormia, o agressor era seu ex-padrasto.

Carol teve sua vida arrancada por alguém que algum dia teve o papel de protegê-la e o crime ocorreu justamente no lugar onde deveria ser um ambiente seguro: sua casa.

Ela não foi a primeira, nem a segunda e não foi a última mulher a não realizar seus sonhos, planos e perspectivas, somente pelo fato de ser uma mulher. 

O feminicídio como uma constante e a estrutura da nossa sociedade 

A estrutura da nossa sociedade é baseada numa cultura machista, patriarcal e, consequentemente, misógina.

Há um constante cultivo de ódio pelas mulheres, causado pela superioridade atribuída ao gênero masculino.

E é justamente esse ódio que define o crime de Feminicídio.

A lei do Feminicídio, que entrou em vigor no ano de 2015, faz com que crimes que envolvam violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher sejam caracterizados como homicídio qualificado, tornando a pena maior, fazendo uma comparação com a pena atribuída ao homicídio simples.

O feminicídio também se trata de um crime hediondo, que são aqueles julgados por um júri popular.

Lei do feminicídio: importante! Mas precisamos de muito mais

Mesmo a lei do feminicídio tendo contribuído para que o problema fosse evidenciado e penalizado de forma mais severa, não foi o bastante para que a morte de mulheres, por uma questão de gênero, diminuísse.

O Brasil é o quinto país que mais mata mulheres, em 2021, ano em que Carol foi brutalmente assassinada, ocorreram 1319 feminicídios, mil trezentos e dezenove mulheres que, assim como Carol, tiveram suas vidas interrompidas por causa de uma cultura que nos desvaloriza, nos objetifica e não nos trata como iguais.

A qualquer momento poderemos ser a próxima vítima e não é difícil pensar nessa possibilidade, já que todo dia somos violadas e violentadas, fisicamente ou verbalmente, na rua, no transporte público, no trabalho e, até mesmo, em nossas casas. 

Um caminho possível: mulheres ocupando os espaços de poder

Enquanto a cultura na qual estamos inseridas não mudar, as desigualdades de gênero continuarão promovendo nossas mortes.

Hoje, o rosto da política brasileira se traduz em um rosto masculino.

Apenas 15% da Câmara dos Deputados é composta por mulheres, isso piora ainda mais no Senado Federal: somente 12% das cadeiras são ocupadas por mulheres.

Não temos representatividade e precisamos dela para que nossas questões sejam discutidas.

Somos maioria em números e precisamos: ocupar os espaços públicos, impor que as políticas públicas já vigente sejam aplicadas de forma mais efetiva e promover um maior acolhimento para as vítimas de violência, protegendo-as após a realização da denúncia, o que não houve no caso da Carol, que já havia denunciado seu agressor, possuía uma medida protetiva contra ele e, mesmo assim, teve seu direito à vida violado.

A impunidade que cerca os crimes de feminicídio demonstra a falta de interesse que o poder público tem sobre a mulher, e, para que isso mude, mais mulheres precisam ser eleitas, e, fazendo isso, daremos vozes as que foram covardemente caladas.

Precisamos garantir que nenhuma de nós vire mais uma estatística. 

O assassino de Carol segue em liberdade.

O que faremos sobre isso?

Para conhecer mais o caso e ajudar na luta contra essa impunidade siga o instagram @justicaporcarolpascuin.

Texto de Sabrina de Almeida. Sabrina é estudante de História e voluntária de comunicação da #Elasnopoder. Na luta por uma sociedade onde as mulheres tenham  o protagonismo que merecem. 

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