O antirracismo após o assassinato de George Floyd

Flávia Godinho

voluntária da Elas

25/05/2021

O assassinato de George Floyd, que completa 1 ano neste dia 25 de maio, causou uma grande comoção mundial. Ter uma violência policial filmada e mostrada na TV foi o estopim para escancarar o cenário em que vivemos. 

Na época, o movimento antirracista que uniu pessoas negras e não negras foi intenso. Acompanhamos diversas manifestações nas ruas e nas redes sociais que cobravam justiça, que colocaram em pauta o racismo estrutural e o genocídio da população negra. 

Depois da euforia, queremos discutir: o que aconteceu com a indignação da população e como anda o enfrentamento da violência contra pessoas negras? 

Ser um corpo negro é ter que conviver com o medo!

Não precisamos ir muito longe para ver como o racismo velado e a desigualdade social naturalizaram a morte de pessoas negras. Aqui no Brasil, estamos vivenciando há anos um grande extermínio que tira a vida de pessoas inocentes dentro de casa, voltando da escola ou a caminho do trabalho. 

Não são casos isolados. O povo negro está morrendo porque confundem guarda-chuva com fuzil, por falta de assistência durante a pandemia, pelo esquecimento do Estado, por ações sem pudor nas comunidades que preenchem os subúrbios e favelas com “balas perdidas” que parecem ter um destino certo. 

De acordo com o Atlas da Violência 2020, os casos de homicídio de pessoas negras (pretas e pardas) aumentaram 11,5% em uma década (2008-2018). Observou-se também um aumento de 13,3% na taxa de jovens mortos, que passou de 53,3 para 60,4 homicídios a cada 100 mil jovens.

O caso mais recente de violência noticiado aconteceu esse mês. No dia 6 de maio de 2021, acompanhamos o desfecho do que foi considerada a maior chacina policial da história do Brasil. Infelizmente, 28 vidas foram tiradas em uma ação sem pudor realizada na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. 

Não há justificativa para o que ocorreu nessa comunidade. A atividade, que foi organizada e planejada há mais de 10 meses, dizia ter como objetivo impedir o tráfico de drogas e o aliciamento de jovens, mas o que houve foi um derramamento de sangue. Isso só mostra que o problema é mais profundo e exerce um papel importante na escolha de quem tem direito à vida no nosso país.

Eles estarão sim no futuro, e vão lutar pelo lugar na janela

O movimento que vimos acontecer em meados de junho de 2020 não começou ali. O povo negro conhece a luta antirracista há centenas de anos. Só o fato deles permanecerem vivos é um ato político, e vimos que a situação não mudou e está longe de ter um final feliz. 

Eles não precisam de hashtags, compartilhamentos e notícias para saber que estão morrendo e entender que a guerra está longe de acabar. A necropolítica é presente em suas rotinas e já escolheu quem deve viver, quem tem direito à educação, saúde, segurança e emprego. Quem tem direito a ter e a pensar em um futuro.

Se você ainda quer lutar por um país menos violento, com mais oportunidade para todos e com um futuro livre do racismo, a hora é agora. Vamos movimentar o Estado com o nosso voto nas urnas, precisamos dar oportunidade para pessoas negras em todos os ambientes de destaque e poder. 

Não é natural ter uma vida inteira pautada no medo, e por isso eles mandam um recado: o futuro é sempre no agora, começa no presente vivo de cada pessoa negra. E, juntos, vão lutar para garantir o melhor lugar para cada um deles e para as gerações futuras. E sabe o que é melhor? Você pode fazer parte desse processo.

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